São Paulo, 8 – Um estudo apresentado nesta quinta-feira (7) pelo sócio sênior da McKinsey, Nelson Ferreira, realizado pela consultoria entre janeiro e fevereiro, revela que os produtores de algodão brasileiros são os mais “antenados” para tecnologias digitais e “pioneiros” na adoção destas soluções.

Os detalhes do levantamento foram mostrados em webinar promovida pelo Insper Agro Global e pela McKinsey sobre a “agricultura na era digital pós-Covid”. A pesquisa entrevistou 750 agricultores de 11 Estados, que representam 80% da área plantada no Brasil, e ao fim os separou em “clusters comportamentais”.

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Do cluster dos “mais antenados”, 62% são produtores de algodão e o restante, de grãos. Ferreira chamou a atenção para o fato de a pesquisa ter sido feita antes da chegada do novo coronavírus ao Brasil. “A pandemia da covid-19 vai acelerar as tendências identificadas pelo estudo”, disse ele.

Os agricultores “antenados” também são os mais interessados em expandir suas operações, realizar vendas online e comprar maquinário, conforme Ferreira. Quase metade deles tem menos de 35 anos e 40% já buscam negociar créditos de carbono (por captura de gases de efeito estufa). Além de produtores de algodão e de grãos (separados nas regiões do Cerrado, Matopiba e Sul), o levantamento também ouviu representantes das culturas de legumes e verduras, cana-de-açúcar e café).

Outros “clusters” identificados no estudo foram: “empreendedores de grãos”, produtores sofisticados estabelecidos nas três regiões (Matopiba, Cerrado e Sul), com idade de 35 a 55 anos e que já fazem compras online para a fazenda (metade deles); “jovens agricultores de hortifruti”, pequenos produtores que conhecem tecnologias digitais, planejam comprar insumos online mas são avessos ao risco e compram principalmente orientados por preço; “agricultores artesanais”, majoritariamente produtores de café, conservadores em relação a tecnologias, orientados pela qualidade e que não demonstram interesse em vender a produção de forma online; e os “membros maduros de cooperativas” (54% de cana-de-açúcar, 29% de café e 15% grãos do Sul), a maioria com mais de 55 anos e que são os que menos investem em maquinário.

“O estudo nos traz três importantes mensagens: os produtores do Brasil estão mais conectados e fazendo ativamente gestão digital, 85% usam WhatsApp diariamente para interagir com fornecedores e clientes e 71% usam tecnologia para fazer algo relacionado à gestão da fazenda”, ponderou Ferreira.

Ele destacou que o uso de compras online de itens para a fazenda, como peças, insumos etc, é maior no Brasil do que nos Estados Unidos. Segundo a pesquisa, 36% dos entrevistados brasileiros alegam fazer algum tipo de compra online para a propriedade, contra 24% nos EUA.