A americana Mary Temple Grandin, 72 anos, é uma das maiores autoridades globais em bem-estar animal. E também tem autismo, uma desordem neurológica que afeta 25 milhões de pessoas no mundo. Temple, ao mesmo tempo de sua longa convivência com a doença, revolucionou as práticas de manejo de animais vivos em fazendas e abatedouros.  E ganhou respeito no agronegócio e fora dele. Ela possui bacharel em psicologia pelo Franklin Pierce College e mestrado em Zoologia na Universidade Estadual do Arizona, sendo Ph.D. em zoologia pela Universidade de Illinois, desde 1989.

Temple está no Brasil para uma série de eventos que começaram hoje e se estendem até quarta, 19 (confira). A cientista já esteve no País para palestras em anos passados, mas pela primeira vez está visitando uma propriedade rural. Hoje, ela passa o dia na fazenda Orvalho das Flores, em Barra do Garças (MT), que pertence à pecuarista Carmen Perez, presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA). Nos últimos anos, a Orvalho das Flores tem ficado entre as fazendas mais sustentáveis no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, em Destaques da Pecuária. “A ideia é que ela conheça o trabalho que estamos desenvolvendo no manejo dos animais”, diz Carmen.

O trabalho com o rebanho, composto por 1,5 mil matrizes e suas crias, tem sido acompanhado pelo professor Mateus Paranhos da Costa, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Etologia e Ecologia Animal (Grupo Etco), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e um pesquisadores brasileiros mais próximos de Temple. Na Orvalho das Flores, os animais deixaram de ser marcados a fogo e passaram a ter tratamento chamado de racional no momento do nascimento, com massagem e calma por parte dos peões no momento da curo do umbigo. “Assim, os animais não associam o manejo com agressão por parte das pessoas”, diz Carmen. De acordo com Paranhos, a ideia de levar Temple para uma fazenda surgiu para mostrar o manejo sustentável que a Orvalho das Flores vem praticando há alguns anos e para que ela faça suas observações. “Temple Grandin sempre faz colocações muito apropriadas daquilo que observa”, diz Paranhos. “É sempre um aprendizado.”