Gado de produção

O município sul-mato-grossense de Figueirão, a 250 quilômetros ao norte da capital Campo Grande, fica numa região arenosa, de terras fracas. Mas para o dono da fazenda 3R, Rubens Catenacci, localizada no município, a areia de sua propriedade é ótima e a água tem tanta qualidade que é como um elixir para a sua bezerrada. Catenacci é reconhecido no setor da pecuária como um dos mais tradicionais produtores de bezerros do Mato Grosso do Sul.

Isso porque, aquilo que pode parecer fruto de um milagre é o resultado do uso de muita tecnologia. Pelo trabalho desenvolvido, a fazenda 3R é a campeã na categoria Gado de Produção do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. Aos 73 anos, Rubens Catenacci é um árduo e apaixonado defensor da raça nelore.
A cada ano, ele vende, em média, 2,5 mil bezerros. “A raça evoluiu muito”, afirma. “Tem costelas bem profundas, garupa larga e até carne no traseiro.”

O tom bem humorado do produtor não esconde sua luta por um reconhecimento que ele considera justo. Para ele, na ponta final da cadeia produtiva, o nelore não tem o destaque merecido, perdendo em valorização no mercado consumidor. “Metade dessa carne boa que estamos fazendo no cruzamento industrial se deve ao nelore”, afirma Catenacci. “Essa raça não perde em qualidade, se for bem tratada, assim como acontece com as outras no cruzamento”, destaca o pecuarista.

Não por acaso, desde o ano passado a fazenda 3R voltou a ser uma propriedade exclusiva à criação de nelore, depois de 4 anos testando um modelo de cruzamento industrial. Catenacci produz bezerros que aos 9 meses de vida pesam 300 quilos, num sistema intensivo de criação. Em condições mais extensivas, seria necessário o dobro de tempo para o animal alcançar o mesmo peso. O produtor investe em pasto rotacionado, com uma praça central de alimentação, onde o bezerro recebe ração. O sucesso levou a empresa Agroceres, uma das maiores do setor de nutrição animal, a lançar uma linha de produtos com o nome da fazenda. “Com esse sistema, as vacas ficam mansas, há aumento da taxa de prenhez e o bezerro inicia mais cedo o desenvolvimento do rúmen”, explica Catenacci.

Para vender sua produção, ele costuma colocar os animais na Exposição de Camapuã, município a 100 quilômetros de Figueirão. Desde 2008, Camapuã possui o título de “Capital do Bezerro de Qualidade”, outorgado pelo Governo do Estado. E ganhou o reconhecimento em todo o País. A feira é uma das mais aguardadas no calendário agropecuário. Pelo bezerro mais pesado, Catenacci tem conseguido uma valorização de 30% em relação aos preços da região.

No ano passado, a média dos bezerros vendidos em dois leilões foi de R$ 1.560. Além dos bezerros, a 3R também vende touros. Em 2017, foram 150 animais comercializados, à média de R$ 7 mil.