A transferência de um elefante que há 40 anos vive no zoológico público da cidade para um santuário no Estado de Mato Grosso causa polêmica, em Sorocaba, interior de São Paulo. O novo destino de Sandro, nome pelo qual é conhecido o paquiderme, foi determinado pela Justiça, que deu prazo de dez dias, a partir desta sexta-feira, 1º, para que a prefeitura informe sobre os aspectos técnicos e veterinários que envolvem a viagem. Desde que perdeu sua companheira, Raísa, que morreu de causa natural em 2020, Sandro vive sozinho em seu recinto no zoo.

Após a morte da elefanta, o Ministério Público de São Paulo (MPSP), através da promotoria de Sorocaba, entrou com ação para que o elefante idoso fosse passar o restante de sua vida na companhia de seus semelhantes, no Santuário dos Elefantes do Brasil, localizado em Chapada dos Guimarães (MT). O local abriga cinco elefantes resgatados em circos e zoológicos. Sandro é uma das principais atrações do zoo de Sorocaba, que está classificado na categoria A, entre os mais completos do País, segundo a Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB).

No último dia 20, um grupo de moradores e ambientalistas realizou uma manifestação em frente ao zoológico, com faixas e cartazes contra a transferência de Sandro. Os manifestantes lembraram que o chimpanzé Black, outro habitante do zoo, morreu no início de 2021, dois anos após ser transferido para um santuário de primatas. Um dia depois do protesto, a prefeitura divulgou um relatório produzido pela equipe técnica do zoológico apontando os riscos na transferência do elefante, entre eles o fato de Sandro jamais ter vivido em ambiente selvagem.

Conforme o documento, o elefante tem perto de 50 anos, estando próximo do limite de sua existência. Antes de ser transferido ainda jovem para o zoológico de Sorocaba, Sandro era a atração de um circo. Os técnicos apontaram também o estresse da viagem de 1.500 km, entre Sorocaba e o santuário, e o risco dele não se adaptar ao novo estilo de vida, já que estaria acostumado ao convívio diário com seus tratadores. O relatório foi juntado ao processo judicial de Sandro.

Diante do posicionamento dos técnicos da prefeitura contra a mudança, o MP entrou com pedido de tutela de urgência na Justiça para que a transferência de Sandro seja imediata. Segundo a promotoria, é intuitivo que os zoológicos de modo geral não atendem as necessidades de animais selvagens de grande porte no que tange ao espaço a eles destinado.

O juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra, da Vara da Fazenda Pública de Sorocaba, determinou que a prefeitura informe em dez dias que medidas foram tomadas para assegurar a transferência. O plano de transporte do paquiderme já foi preparado pela Secretaria de Meio Ambiente de Sorocaba, levando em conta que a logística de transferência foi oferecida pelo santuário, sem ônus para o município. A prefeitura aguarda ser notificada para se manifestar.

O santuário informou que há um ano espera a liberação da transferência do elefante de Sorocaba para suas instalações, que já estão preparadas para receber o novo morador. O recinto está em área de 40 mil metros quadrados para elefantes asiáticos machos que ainda será expandida. Atualmente, o santuário abriga cinco fêmeas asiáticas. Conforme o biólogo Daniel Moura, um dos diretores do santuário, o transporte será supervisionado por especialistas com décadas de experiência, e que já fizeram mais de 100 transferências de elefantes, com idades e condições de saúde diversas.