“O investimento feito foi até baixo se comparado com o retorno que estamos tendo com as cabras”

LUIZ FELIPE BRENNAND, criador de caprinos boer

No início era apenas um hobby. Empresário do setor de energia e tradicional fazendeiro do Nordeste, Luiz Felipe Brennand dedicava a maior parte do seu tempo à criação de gado em suas propriedades em Pernambuco e na Bahia. Há dez anos, no entanto, decidiu apostar em um animal típico do semi-árido: as cabras. Mas Brennand não queria qualquer cabra. Homem de visão, buscava algo diferenciado, que pudesse lhe render algum dinheiro no futuro. De tanto procurar, descobriu a raça boer, originária da África do Sul, e se encantou com as qualidades do animal, muito distintas das encontradas nas cabras brasileiras.

Empolgado com o novo negócio, foi aos Estados Unidos e trouxe vários campeões nacionais. Apenas no primeiro lote, foram 30 fêmeas e dois machos, comprados por US$ 150 mil. Depois, passou a importar embriões da África do Sul para encorpar o plantel do Rebanho Caroatá. Passados dez anos, os resultados não poderiam ser melhores. Hoje, Brennand conta com cerca de duas mil cabras, todas puras de origem, e é sem dúvida o melhor criador da raça no Brasil. Prova disso é que, dos sete campeonatos nacionais realizados, ele faturou seis. “O outro foi vencido pelo meu irmão, que também utiliza a nossa genética”, conta ele, que faturou mais de R$ 7 milhões apenas com a venda de embriões e sêmen em 2007.

Segundo Brennand, o boer é totalmente diferente dos animais encontrados no Nordeste. Enquanto a grande maioria é utilizada para a produção de leite, o boer pode ser considerado o nelore das cabras por sua carne macia e suculenta. “A raça reúne três qualidades essenciais para uma criação produtiva: taxa de fertilidade, carne de qualidade e ótima adaptação às regiões tropicais”, diz o criador. “A carne de cabra ainda tem um grande potencial a ser explorado. O consumo per capita no Brasil é de apenas 1,5 quilo por ano. Temos um mercado muito grande para explorar.”

Em sua fazenda, na cidade de Gravatá, distante 90 quilômetros do Recife, o gado não existe mais. Os 300 hectares estão tomados pelas cabras. E também por um moderno centro de genética, montado em 2004 para atender à sua demanda. Lá, os especialistas têm toda a estrutura necessária para fazer a coleta e o processamento dos embriões. “O investimento foi baixo se comparado ao retorno que vem nos trazendo”, garante Brennand, que não revela quanto gastou em seu laboratório.

SUPER BOY: animal já rendeu mais de R$ 2,5 milhões

O faturamento ele também não revela, mas dá a entender que é um negócio altamente rentável. O criador usa como exemplo o “Super Boy”, um dos principais destaques de seu plantel, para mostrar alguns números impressionantes. Brennand conta que cada dose de sêmen do animal é vendida a R$ 500 e que já foram negociadas mais de cinco mil doses. Resultado: R$ 2,5 milhões no bolso do criador. “Super Boy” faleceu em dezembro de 2007, mas deixou cerca de 1,2 mil doses de sêmen estocadas, que agora serão leiloadas por um valor muito mais alto. Nada mal para um negócio que começou como hobby.