Todo paulistano que se preze sabe muito bem onde encontrar um café expresso feito com capricho. Não faltam opções. Estima-se que 20% das 2,5 mil cafeterias do País localizam-se na cidade de São Paulo, que servem mais de 16 milhões de xícaras diariamente. O consumo é, provavelmente, ainda muito maior. O cálculo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) não inclui as padarias, os bares e as centenas de restaurantes que descobriram que a receita para agradar ao cliente, além de um cardápio bem elaborado e de um ambiente acolhedor, depende de uma boa xícara da bebida.

O que poucos paulistanos sabem é que o maior cafezal urbano do País fica dentro da cidade, a apenas cinco minutos da avenida Paulista, o principal centro financeiro do País. Numa área murada de 10 mil m² na Vila Mariana, tradicional bairro residencial vizinho ao Parque do Ibirapuera, o Instituto Biológico (IB), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mantém quase 1,6 mil pés produtivos de café das variedades Mundo Novo e Catuaí. No ano passado, a lavoura rendeu meia tonelada do produto processado, doado a entidades beneficentes do Estado. Neste ano, com a colheita iniciada em maio, espera-se uma produção de 300 quilos de café.

A minifazenda cafeeira abre suas portas todos os anos para que os visitantes possam participar da colheita dos grãos. O evento, chamado de Sabor da Colheita, propõe ensinar mais sobre uma das bebidas mais consumidas do mundo. “Nosso objetivo é pedagógico, não lucrativo”, afirma o presidente do IB, Antônio Batista Filho. “A grande maioria da população, inclusive aqueles que incorporaram o café em seus hábitos diários de consumo, nunca viu um pé de café na vida”, diz. O evento é o início simbólico da safra no Estado de São Paulo, que ocorre de maio a junho.

Promover o café brasileiro dentro da cidade São Paulo é, ao que tudo indica, o evento certo no lugar certo. Além de São Paulo ser o maior consumidor da bebida no País, os cafezais brasileiros respondem por 30% do consumo mundial, o que mantém o Brasil como o maior produtor e exportador mundial nos últimos 150 anos consecutivos, segundo estatísticas do Ministério da Agricultura. Em 2012, a produção de café no Brasil atingiu 50,8 milhões de sacas e das exportações brasileiras do agronegócio, com faturamento de US$ 6,5 bilhões, 6,7% foram de café em grãos ou processados. “O cafezinho nosso de cada dia, que nos incita durante o trabalho, tem sido um grande estimulante do agronegócio brasileiro”, disse Antônio Andrade, ministro da Agricultura.