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O calendário-safra só começa em julho, mas todo início do ano é um convite para balanços e projeções. Nas próximas páginas da RURAL, o leitor terá um panorama sobre as tendências das principais commodities agrícolas e o que se verá é que o tom dos especialistas é de cautela. A expectativa é que o setor ultrapasse novamente a marca de R$ 1 trilhão em Valor Bruto de Produção (VBP), mas com uma velocidade de crescimento menor do que os anos anteriores com 4,5% na comparação com 2021. Além disso, algumas lavouras devem sofrer com as mudanças climáticas e os gestores precisarão fazer controles rígidos dos custos para que as margens sejam preservadas. “O campo será essencial na composição do PIB, mas o cenário macroeconômico está instável e exige atenção”, afirmou Maurício Une, economista-chefe do Rabobank.

De acordo com a instituição, o agronegócio deve crescer 2,7%, o Produto Interno Bruto deve expandir irrisório 0,6%, enquanto a inflação e os juros continuarão fazendo o produtor sofrer. A perspectiva para a Selic é de 10,75%, e a inflação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) deve chegar a 4,3%. O agricultor precisará, ainda, ficar de olho no clima e no dólar. “Além do impacto direto na produção, o clima tem efeito relevante no combustível que pressiona a planilha do produtor”, disse Une. Segundo o economista, ainda que as chuvas estejam abundantes, o preço tende a continuar alto, pressionado pela demanda global. E, por fim, há o dólar que deve ser negociado a US$ 5,62 ao final de 2022. Alguns vetores de sustentação da moeda devem se dissipar como a desaceleração dos principais parceiros comerciais do Brasil e uma potencial redução dos estímulos monetários no mundo desenvolvido, informou a instituição em relatório.

Não há dúvidas de que velhos desafios estão já na porteira, mas o produtor brasileiro está de mangas arregaçadas para garantir alimentos para o Brasil e para o mundo.