A consultoria Agrifatto afirma que o setor de carnes aguarda informações mais claras do Ministério da Agricultura sobre a suspeita de um caso de “vaca louca” em Minas Gerais para entender a gravidade do problema. Em podcast publicado nesta quinta-feira (2), a diretora executiva da consultoria, Lygia Pimentel, comentou que um posicionamento mais detalhado das autoridades deve acalmar o mercado de boi gordo.

Na avaliação dela, se, de fato, o caso da doença for atípico, ou seja, a doença foi desenvolvida no próprio organismo no animal, é apenas uma questão de tempo para que tudo se normalize. “Sendo atípica e o País explicando rapidamente, nossos parceiros comerciais tendem a manter os acordos já firmados de exportação”, disse. Mas acrescentou: “se for típica, por contaminação, aí é muito grave e a tendência é de que haja um bloqueio geral do mercado internacional”.

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Até o momento, a manifestação do ministério foi considerada vaga, mas fontes da consultoria apontam que grandes frigoríficos estão suspendendo as compras de gado e os embarques de carne bovina ao exterior de forma voluntária. Ontem, o ministério afirmou em nota que “casos em investigação são corriqueiros dentro dos procedimentos de vigilância estabelecidos e medidas preventivas são adotadas imediatamente para garantir o controle sanitário. Uma vez concluído o processo em investigação, os resultados serão informados”, sem dar mais detalhes sobre a apuração.

O especialista Yago Travagini, que também participou do podcast, acredita que o mercado de boi gordo deve retomar a tendência de preços mais sustentados em poucos dias após esclarecimentos mais claros das autoridades. Ele citou o caso atípico da doença identificado em 2019 no município de Cáceres (MT) como exemplo. “Naquela ocasião, confirmado que era um caso atípico, a gente suspendeu as exportações, como de praxe, e em menos de 25 dias já tinha voltado aos preços normais no período”, disse.

Faesp

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) disse, em nota, que está “atenta” quanto ao caso suspeito de doença da “vaca louca” em Minas Gerais e recomendou “serenidade” à cadeia produtiva paulista. “O Ministério da Agricultura confirmou, no dia 1º de setembro, que está investigando a suspeita da doença no Estado de Minas Gerais e que há chances de ser um caso atípico, sem contaminação. A Faesp recomenda calma e serenidade aos criadores de gado, frigoríficos e todos os elos da cadeia da pecuária paulista enquanto as investigações ainda estão sendo feitas e ainda não há qualquer confirmação”, afirmou na nota.