A revolução digital na agriculta já é uma indiscutível realidade no País. Basta ver a crescente onda de startups do campo, centros de inovação tecnológica para a agropecuária e empresas interessadas em investir em novidades e soluções. E tudo leva a crer que essa revolução crescerá a uma velocidade jamais imaginada. É que a americana Plug and Play, a maior aceleradora de startups do mundo, anunciou que passará a operar fisicamente no Brasil. Até o fim deste ano, a empresa abrirá um escritório em São Paulo. “Já investíamos no ecossistema brasileiro de startups, em parceria com a aceleradora Oxigênio, da seguradora Porto Seguro”, diz o engenheiro químico Omer Gozen, vice-presidente da Plug and Play nas áreas de Novos Materiais e Embalagens e de Alimentos e Bebidas. “Agora vamos acompanhar as startups diretamente, em especial as do agronegócio. Queremos investir apenas nas melhores das melhores”, afirma.

Pelo histórico da Plug and Play, que tem 13 anos de atuação, não será nenhuma surpresa se a empresa fizer surgir o primeiro unicórnio da agricultura brasileira. O termo designa companhias com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão. E isso não é teoria. A aceleradora americana, fundada pelo executivo iraniano Saeed Amidi, foi a grande responsável pelo sucesso de gigantes como Google, Dropbox, Paypal e Logitech – todas legítimos unicórnios mundiais. Em todo o planeta, a Plug and Play já acelerou nada menos do que 10 mil startups, que somam cerca de US$ 7 bilhões em capital investido.

É Agora Omer Gozen, da Plug and Play, destaca as oportunidades no Brasil (Crédito:Divulgação)
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DE OLHO NO BRASIL No País, a empresa já investiu, desde 2011, US$ 1 milhão em cerca de 40 startups, nenhuma do agronegócio. Até agora. A expectativa é de que a companhia americana aumente os aportes no Brasil para cerca de US$ 5 milhões anuais, a partir de 2020. E metade disso irá para startups do universo agro: as agtechs. “Estamos de olho em inovações relacionadas à gestão digital da agricultura, negócios em proteínas alternativas a base de proteínas vegetais ou cultura de células, rastreabilidade de produtos e fazendas verticais”, afirma Gozen. A intenção da empresa é investir em até dez agtechs por ano. Ele e outros executivos da empresa estiveram em São Paulo, no dia 10 de abril, para o primeiro evento da Plug and Play no País.

Durante a apresentação, Gozen mostrou um slide que explica as razões do interesse da companhia no agronegócio brasileiro. Um dos dados exibidos mostrava o valor exportado pelo País no setor, em 2017: R$ 96 bilhões. Em 2018, o número foi ainda melhor: R$ 101,7 bilhões. As cifras mostram a força do Brasil no agronegócio mundial e no mercado interno. Na última década, o setor respondeu por 42% de tudo o que foi vendido pelo Brasil internacionalmente. Outro dado interessante é a representatividade do PIB agropecuário brasileiro para a economia nacional: R$ 1,3 trilhão em 2018, cerca de 24% da economia brasileira. Para a Plug and Play, esses números representam uma grande oportunidade. “O Brasil já estava em nosso radar há algum tempo”, diz Gozen. “Agora, percebemos que há uma boa massa crítica de inovações e grandes oportunidades”, destaca o executivo.