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Ela é vendida pela montadora como “muscle truck” — uma alusão direta ao termo “muscle car” (em português, carro musculoso), criado nos Estados Unidos para definir modelos como o Ford Mustang, o Chevrolet Camaro ou o Dodge Challenger — que, por sinal, era equipado com o mesmo motor Hemi 5.7 V8 a gasolina que faz essa picape da Dodge voar baixo. Capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos (mesmo pesando mais de 2,6 toneladas), é um gigante: 6 metros de comprimento, 2,1 m de largura e 2 m de altura. Pode não caber na garagem da maioria dos prédios, mas faz bonito no off-road. O visual é invocado. E, se impressiona por fora, basta fechar a porta, ligar o som Harman Kardon (com 19 alto-falantes, 1.900 W e cancelamento de ruídos), e espiar no retrovisor interno via câmera para ver como os carros comuns ficam minúsculos lá atrás. A sensação de poder é imediata.

Com medidas tão generosas, na cidade grande a RAM 1500 é um “trambolho”. Exige muito cuidado, pois a tendência é invadir a faixa vizinha. Aí, as câmeras 360º ajudam a evitar acidentes. Por outro lado, ela compensa com uma sensação de superioridade ao volante absurda. É ainda macia e confortável — desde que você dose o pé direito para dirigir suavemente, sem respostas brutas. Obviamente, o consumo não deve ser preocupação para quem compra uma picape com motor V8 de 400 cavalos. Dirigindo tranquilamente, e mesmo com o sistema que desativa metade dos 8 cilindros quando possível, a média é de 4,5 km por litro no trânsito. Partindo para a estrada, o porte deixa de ser problema, e a RAM 1500 acelera como se fosse menor e mais leve. A 120 km/h, o conta-giros fica um pouco abaixo de 2000 RPM, mas o consumo ainda assusta: 6,6 km/l.

ESPAÇO DE SOBRA Medindo 6 metros por 2,1 (e mai 2 de altura), ela até parece menor para quem pilota, pois a eletrônica controla tudo. Até os pedais podem ser ajustados ao motorista (Crédito:Divulgação)

Legítimo carro de luxo com pegada off-road, a picapona usa amortecedores Bilstein adaptativos e oferece tração 4×4, reduzida, auxílio em descidas, bloqueio do diferencial traseiro e suspensão elevada (24,9 cm do solo). O acerto geral a torna extremamente confortável na terra, onde “pula” muito pouco — e, mesmo sem acionar o 4×4, tem comportamento exemplar, com a eletrônica atuando de modo bem discreto para manter o motorista na estrada. Parece até que ela nem é tão grande.

TELA DUPLA Por falar em eletrônica, há ajuste elétrico para quase tudo, do teto panorâmico aos bancos, passando pela abertura do vidro da janelinha traseira e até mesmo a altura dos pedais (o volante tem ajuste manual).
Proporcional ao imenso espaço interno, a tela central é tão grande que se divide em dois setores, permitindo controlar mais de uma função do carro ao mesmo tempo. Por exemplo, o ar-condicionado e o áudio, de modo independente. Caso prefira, há botões físicos para os ajustes. Já o quadro de instrumentos tem velocímetro, conta-giros e marcador de combustível analógicos, ainda que, entre eles, caiba uma telona digital cheia de funções e bem fácil de navegar. Há ainda o ACC (piloto automático adaptativo, que controla a velocidade de acordo com o tráfego à frente) e auxílio de manutenção em faixa.

A suspensão elevada garante conforto e muita capacidade no fora de estrada, mas acaba sacrificando um pouco a dinâmica. Bem melhor em linha reta do que em curvas, é bastante pesada. Na pista molhada, a coisa complica: pisando fundo, a traseira quer escapar, a eletrônica logo “trava tudo” para ajudar. Um tanto frustrante ter todo esse poder e não poder usá-lo sempre. A direção um pouco lenta também não ajuda. Mas, se você quer uma versão ainda mais esportiva, no vi-sual e na dirigibilidade, sua escolha pode ser a TRX (não trazida oficialmente ao Brasil, mas que pode ser importada dos EUA de modo independente). O motor V8 dela é maior, de 6,2 litros, com compressor usado no Dodge Challenger Hellcat, garantindo uma absurda potência de 712 cv e 881 Nm de torque. A aceleração até os 100 km/h é feita em menos de 4 segundos. Se for importar uma, prepare-se, depois de todos os impostos, ela chega aqui por quase R$ 1 milhão.

Silverado elétrica

A GM apresentou nos Estados Unidos, no dia 5 de janeiro, a primeira Silverado totalmente elétrica. O modelo utiliza a plataforma Ultium para oferecer uma combinação inovadora de capacidade, desempenho e versatilidade, junto com tecnologias avançadas que acompanharão o veículo ao longo do tempo. Segundo o vice-presidente da Chevrolet, Steve Hill, a montadora “revolucionou a Silverado diversas vezes para torná-la o sucesso que é hoje”. No primeiro momento, a Silverado EV estará disponível em duas configurações, a RST First Edition e a WT, voltada para frotistas. Ambas virão equipadas com um abrangente pacote de tecnologias de segurança. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil.