Covid, câmbio, inflação e juros altos. Uma combinação ruim de variáveis que deve permitir que as vendas em 2022 cresçam no máximo de 2% a 3%, disse nesta sexta-feira, 4, ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo.

A taxa de inflação, um mal que corrói a renda do consumidor, segundo a expectativa mediana do mercado no Relatório Focus do Banco Central (BC), caminha para encerrar o ano em 5,38%, bem acima do centro da meta mesmo com Comitê de Política Monetária (Copom) já tendo elevado em 8,75 pontos porcentuais a Selic, de seu piso de 2% até os atuais 10,75% ao ano.

O câmbio, a se basear pelo Focus, é outra variável que deve continuar assombrando em 2022 para fechar o exercício com o dólar cotado a R$ 5,60. E como o dólar, segundo jargão do mercado é “inflação na veia”, as perspectivas para o varejo não têm mesmo como ser animadoras.

Para combater esta inflação, o BC já sinalizou que a taxa básica de juros poderá chegar aos 12% antes de cair para 11,75%.

“O problema é que a taxa de juro, quando elevada, encarece o crédito e encurta os prazos. Com isso, as vendas, se crescerem mesmo de 2% a 3%, serão embasadas sobre preços de produtos de pequenos valores”, lamentou o economista da ACSP.

Para Solimeo, o quadro não é bom porque as vendas este ano devem crescer abaixo de um movimento que cresceu 12% na comparação de 2021 em relação a 2020, mas que foram quase zero na comparação com 2019 e ainda assim concentradas em apenas eletroeletrônicos.

O economista disse ainda que o pouco de esperança do setor está na possibilidade de que em março a pandemia se torne uma endemia já que outra variável preponderante para uma boa movimentação do comércio, a geração de empregos, até tem reagido mas com abertura de vagas que oferecem baixos salários.

“Hoje estamos dependendo da renda dos trabalhadores por conta própria, que também têm um baixo nível salarial”, afirmou Solimeo.