No início da década de 1990, quando a paulista Ana Paula Magaldi abriu sua empresa de paisagismo nos Jardins, em São Paulo, o verde da natureza não era tão destacado no desenho urbano, especialmente nos grandes centros, como é atualmente. Basta observar os canteiros centrais que dividem as avenidas, os grandes edifícios comerciais, os bancos, os shoppings e até os prédios residenciais para ver como o colorido das flores e das plantas se mistura cada vez mais ao cenário de concreto. Isso porque, além das questões ecológicas, mais de dez mil agricultores, principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, vêm apostando na produção de plantas ornamentais. Ana Paula, que também é agrônoma, conta com uma carteira de fornecedores com 320 agricultores, em municípios paulistas como Campinas, Itu, Sorocaba e Mogi das Cruzes e no sul de Minas Gerais. Tão urbana quanto as áreas que transforma, Ana Paula conta que a paixão pelas plantas e pelo paisagismo surgiu ainda quando criança. “Trocava as férias escolares na praia pela beleza do campo”, diz a paisagista.

As férias eram passadas na fazenda de uma prima. “Desde pequena já adorava observar as plantas e colocar as mãos na terra.” Mas foi depois de morar um ano e meio na Itália, incursionar pela Europa e conhecer os jardins italianos e franceses, além dos suntuosos palácios, que a paisagista definiu a sua linha de trabalho. “Misturo a influência tropical, por ser brasileira, com a italiana, que me encantou”, diz Ana Paula. Além de realizar projetos de paisagismo, ela cultiva no viveiro que possui em Paulínia, no interior de São Paulo, plantas como dracaena draco, palmeiras traquicarpus, a exótica agave filamentosa, um verdadeiro ouriço verde, a mexicana dasylirium e a neodypsis, outra espécie de palmeira. “Essas plantas são muito utilizadas no paisagismo, especialmente nos empreendimentos corporativos.” Ana Paula entrou nesse nicho de mercado, do paisagismo corporativo, quando sua empresa tinha apenas dois anos, depois de ganhar a concorrência para a elaboração de um projeto e a execução da área verde da DuPont Brasil. “Com eles descobri o padrão corporativo, que levei para o meu negócio”, diz Ana Paula. Tanto que até hoje a Ana Paula Magaldi Paisagismo conserva a área verde da DuPont. Atualmente, ela é responsável também pelas áreas verdes de todas as unidades e do centro corporativo do banco Itaú, na capital paulista. “Transformar um lugar árido em um jardim maravilhoso é como fazer uma obra de arte”, diz. “O produtor é nosso parceiro nisso.”

É no sítio raio de sol, em limeira, na região de Campinas, que Ana Paula adquire grande parte das plantas frutíferas e ornamentais usadas em seus projetos, como a pandanus, uma espécie de planta ideal para jardins internos; a fênix robeline, uma palmeira anã; dracaenas; pau-ferro, uma árvore nativa da Mata atlântica; e as bauínias, popularmente conhecidas como pata-de-vaca. Nos 35 alqueires do sítio são cultivadas, há dez anos, mais de 300 espécies de plantas de grande e pequeno porte, ornamentais, frutíferas, árvores, palmeiras, trepadeiras e coníferas. Para Clodoaldo Hergert, proprietário do sítio raio de sol e que há pelo menos 40 anos trabalha com plantas, o paisagismo é o maior mercado consumidor. E, apesar de a pessoa física representar 70% desse mercado, as construções empresariais têm impulsionado o negócio com plantas nos últimos anos. “O mercado de paisagismo trabalha junto com o imobiliário”, diz Hergert. “Se um vai bem, o outro também.” No ano passado, o mercado de flores e plantas faturou R$ 4,5 bilhões, com um crescimento de 12% em relação a 2012.

De acordo com Edmar de Souza Oliveira, que há duas décadas trabalha com plantas e há seis anos as vende no raio de sol, as espécies mais vendidas são o pau-ferro, o pau-brasil, o pau-mulato e os ipês. Para obter o alto padrão das plantas exigido pelo mercado, o sítio conta com especialistas que acompanham a produção de acordo com normas e padrões da engenharia civil e do Ministério da Agricultura. “Os agrônomos cuidam da qualidade das sementes e acompanham de perto o desenvolvimento da planta”, diz Oliveira. “As plantas são medidas e as necessidades climáticas e nutricionais são ajustadas de acordo com cada espécie e estação.” Para Oliveira, esses cuidados garantem uma planta saudável e resistente, que sofrerá menos impactos no replantio e ainda terá um melhor desenvolvimento no empreendimento paisagístico.