A falta de fôlego volta a contaminar os mercados nesta quarta-feira, 13, em meio à espera da votação do processo de impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump, que o responsabiliza pela violência ao Congresso americano há uma semana. Entre investidores, a cena política americana se divide com a continuada preocupação com o novo coronavírus, medidas de restrição social e vacinação contra a pandemia ainda considerada em ritmo lento. Isso tudo segue no radar, à medida que coloca em dúvida a velocidade de recuperação global, sem falar do Brasil, onde o dilema da vacina continua. Esse ambiente também influencia os negócios na B3.

Às 11 horas, o Ibovespa cedia 0,46%, aos 123.433,45 pontos, após alta 0,60% na véspera, quando fechou aos 123.998 pontos. Logo em seguida, acentuou as perdas, abandonando os 123 mil pontos (122.962,60 pontos), em baixa de 0,84%.

“O objetivo do Ibovespa é passar os 125 mil pontos, atingidos recentemente”, afirma em nota o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. No entanto, há alguns fatores no radar que podem limitar a retomada dessa marca. Segundo Bandeira, o avanço da covid-19 no mundo ainda assustam, os lockdowns e perspectivas de novas medidas restritivas também incomodam, além da lentidão da vacinação global.

Hoje, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a retomada de ações lockdowns no continente para conter o avanço da covid-19 devem durar até o fim do primeiro trimestre, porém disse ser importante a continuidade dos estímulos.

Já a Indonésia iniciou sua campanha de imunização contra o coronavírus, usando a vacina Coronavac, do laboratório Sinovac. O imunizante é o mesmo produzido pelo Instituto Butantan, que divulgou a eficácia de 50,38% em testes realizados no Brasil ontem.

Nos EUA, são quatro deputados republicanos que apoiam o afastamento de Trump da Casa Branca, por instigar os apoiadores que invadiram o Capitólio há uma semana, enquanto a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou uma resolução que pede que o vice-presidente do país, Mike Pence, invoque a 25ª Emenda para afastar o americano do cargo.

Por aqui, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que melhor do que o esperado, porém, é insuficiente para servir de impulso para ações de consumo. No entanto, vale ressaltar que são dados de novembro e a expectativa é que os números de dezembro venham mais fracos. Naquele mês, o volume de serviços prestados subiu 2,6% ante outubro, ficando acima do teto de 2,1% das projeções (piso de 0,10% e mediana de 1,0%). Na comparação com novembro do ano anterior, houve queda de 4,8%, vindo menos negativo do que as estimativas (-8,10% e -5,10%, mediana negativa de 6,40%).

Com as medidas de isolamento social continuando a ser suspensas na maior parte do Brasil, o BTG Pactual espera que o setor de serviços se recupere e continue registrando resultados positivos. Conforme análise do banco, a recuperação efetiva do setor só ocorrerá com a disseminação da vacina e a retomada das atividades presenciais. “Contudo, a evolução da pandemia representa um risco relevante para o curto prazo.”.

Vale ressaltar, contudo, a alta de quase 5% das ações ON do Carrefour Brasil. No entanto, o motivo nada tem a ver com a PMS, mas sim à confirmação de que seu controlador, o Carrefour França, está discutindo uma potencial integração de seus negócios com os da rede canadense Alimentation Couche-Tard.

Apesar da alta em torno de 0,50%, as ações da Petrobras cediam entre 0,6% (PN) e 0,9% (ON), perto das 11 horas, enquanto Vale ON cedia 1,95%, seguindo recuo de quase 1,5% do minério, neste dia de vencimento na B3, que deixa a briga entre comprados e vendidos acirrada.