Diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne voltou a destacar o Brasil como um foco de preocupação da entidade na pandemia da covid-19. “Infelizmente, muitas áreas estão reportando crescimento exponencial de casos e mortes. Estamos preocupados com dados segundo os quais o vírus está explodindo em novos casos, que antes tinham poucos casos”, comentou, citando parte do México e a Costa Rica como exemplos nesse caso, para complementar em seguida: “Na América do Sul, o vírus continua a se disseminar de modo agressivo no Brasil, no Peru e no Chile.”

Etienne falou em entrevista coletiva, durante a qual mencionou que, até 8 de junho, mais de 3,3 milhões de casos da doença foram reportados nas Américas, “mais do que em qualquer outra região do mundo”.

Segundo ela, a região conta agora com quase a metade dos casos da doença.

A autoridade ainda alertou para a questão climática, que pode representar um desafio extra nos próximos meses, ao lembrar que no inverno há maior disseminação de infecções respiratórias em geral. Segundo ela, não se sabe ainda se isso ocorre no caso do novo coronavírus.

De qualquer modo, doenças respiratórias em geral já deixam as pessoas mais vulneráveis a quadros graves da covid-19, ressaltou Etienne. “Não ajuda o fato de que os sintomas similares (da gripe e da covid-19) tornarão o diagnóstico ainda mais difícil”, disse.

Nesse contexto, ela afirmou que a vacinação para prevenir a gripe agora é “mais importante que nunca”, especialmente para os grupos de risco nas duas doenças, como os mais velhos e aqueles com certas doenças pré-existentes. Segundo ela, a vacinação para a gripe deve ser mantida, com respeito às medidas de distanciamento físico para evitar a disseminação do coronavírus.

A diretora citou como outro desafio para a região a temporada de furacões, que pode ser uma das mais violentas dos últimos anos. Nesse caso, ela lembrou que o maior risco é para as Américas Central e do Norte “e especialmente o Caribe”.

Etienne pediu ainda que os países trabalhem para reforçar seus sistemas de saúde, a fim de lidar com essa “temporada de ameaças”, notando que a pandemia está levando a região “ao limite”.

De acordo com ela, é preciso deixar divergências políticas e ideológicas de lado, a fim de conseguir esse objetivo. Como exemplo disso, citou um acordo assinado na Venezuela para reforçar o combate à doença, que “foi facilitado pela Opas”. Ela viu o acordo como “um passo importante” e reafirmou o compromisso da Opas a servir o povo venezuelano, dizendo que o pacto ajudará para a entrega dessa ajuda.