O agronegócio sustentável produz com menos recursos naturais, gera menos resíduos e preserva o meio ambiente. Os produtores rurais que encaram esse desafio e investem em sustentabilidade bem sabem das vantagens competitivas dos produtos ecologicamente corretos em um mercado cada vez mais exigente. E, apesar de o Brasil ocupar ainda a terceira posição no ranking de intenção de sustentabilidade, com apenas  207 projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), registrados no ano passado – atrás da China, que lidera com 2,2 mil projetos, e da Índia, que registrou 875 –, o País já conta com exemplos reais de sustentabilidade aliada à produtividade no campo. Um deles é a granja Cobb-Vantress, de Guapiaçu, no interior paulista, líder mundial no fornecimento de aves de produção para frangos de corte. A empresa é controlada pela Tyson Foods, grupo americano que fatura US$ 32 bilhões por ano. Segundo Vanderlei Pereira, gerente de produção de aves bisavós da empresa, a sustentabilidade é um caminho sem volta para a Cobb-Vantress, que possui no Brasil seis incubatórios, dois laboratórios e nove granjas. “O nosso objetivo é ser cada vez mais sustentável. Ganho de produtividade é regra”, diz Pereira. “Hoje quem não produz mais e com sustentabilidade está fora do jogo.”

Para manter-se no hall das empresas produtoras sustentáveis e, de quebra, ganhar vantagem competitiva no mercado avícola nacional, que movimenta R$ 36 bilhões anualmente, a Cobb-Vantress delimitou as suas granjas por florestas de eucalipto. Segundo Pereira, tratase de uma espécie de barreira sanitária florestal, já que as árvores dificultam a circulação de vírus e bactérias presentes no ar. “O eucalipto também é utilizado como matéria-prima para a forração dos ninhos para postura de ovos, e do piso das granjas”, diz. Atualmente, dos 25 mil metros cúbicos de maravalha utilizada nas granjas, 80% é produzida pela empresa, a partir de suas florestas de reflorestamento. Maravalhas são pequenas lascas de madeira. Após a sua utilização na área de criação das reprodutoras, ainda de acordo com Pereira, o material é coletado e encaminhado a empresas especializadas, que revendem o insumo como adubo orgânico para produtores agrícolas instalados na região. “A maravalha pós-utilizada é rica em compostos orgânicos, como nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, que contribuem para a melhoria das características físicoquímicas do solo”, afirma Pereira. O adubo orgânico é utilizado especialmente em plantações de frutos cítricos, seringueiras e cana-de-açúcar, além de pastagens. “Não fizemos nenhuma intervenção nos recursos naturais, em nenhuma das unidades”, diz.

Os cursos d’água da Cobb-Vantress, por exemplo, são protegidos e as fazendas estão em fase de averbação e georreferenciamento. A água destinada às aves e à limpeza dos aviários e incubatórios é obtida em poços semiprofundos, e tratada internamente por meio de processos biológicos e físico-químicos antes do descarte. “A unidade de Palestina, no interior de São Paulo, possui um tratamento à base de ozônio, que purifica a água antes do descarte.” De acordo com o gerente de produção, a empresa também realiza o reaproveitamento dos resíduos sólidos produzidos nas granjas. O esterco e os resíduos de incubação, que são o material deixado após a eclosão dos ovos, como cascas e ovos não eclodidos, vão para a graxaria, que transforma o produto em uma espécie de farinha. “Esse material é destinado à adubação orgânica ou produção de ração para aves e pequenos animais.” Na área energética, a Cobb-Vantress possui painéis fotovoltaicos para aquecimento solar da água dos chuveiros da empresa. Em média, segundo Pereira, são necessários 4,2 mil metros cúbicos de água aquecida, por mês, para atender à demanda por banho dos funcionários da empresa, visto que o banho é um requisito de biossegurança, antes do acesso às aves. Com isso, o consumo mensal de energia elétrica foi reduzido em 6,5%. “Vamos manter os planos sustentáveis e buscar novas tecnologias, como a energia solar”, diz Pereira. “Já estamos colhendo bons frutos e queremos que nossas futuras gerações tenham a mesma oportunidade.”