Após se reunir com cerca de 15 manifestantes bolsonaristas que furaram o bloqueio na Esplanada dos Ministérios neste domingo (14), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, retornou para fornecer frutas para que o grupo se alimentasse. Embora a maior manifestação pró-governo tenha migrado para o Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília, um grupo pequeno permanece em um espaço em frente ao Ministério da Agricultura.

“Querem tirar a nossa liberdade, não podemos nos locomover, não podemos mais educar a nossa família como queremos educar, não podemos falar o que a gente pensa e não podemos nem mais trabalhar. Tiraram todos os direitos do Brasil e isso não foi de uma hora para outra. Isso foi gradualmente acontecendo”, disse o ministro aos manifestantes.

Weintraub voltou a dizer que há um movimento para calar a “liberdade de expressão” dos manifestantes bolsonaristas. “A liberdade de expressão é a primeira coisa que temos que defender. Se eles nos calarem, eles vão escravizar todo mundo nesse País”, completou.

O ministro da Educação voltou a criticar os cursos universitários de áreas Humanas. “Eu, como brasileiro, quero ter mais médicos, mais enfermeiros, mais engenheiros, mais dentistas. Eu não quero mais sociólogos, antropólogos”, acrescentou.

Neste sábado, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) decretou o fechamento da Esplanada dos Ministérios durante todo o domingo. No texto, Ibaneis cita “ameaças declaradas por alguns dos manifestantes” e destaca necessidade de “contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública”. A medida proíbe trânsito de veículos e determina acesso aos prédios apenas por autoridades, da 0h até as 23h59 de domingo.

No dia 4 de junho, Weintraub entregou um depoimento por escrito à Polícia Federal (PF), em cumprimento à determinação de Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de um inquérito aberto para apurar suspeita de racismo. A investigação foi aberta em abril, após o ministro postar mensagem no Twitter em que trocava as letras “r” por “l”, ridicularizando o sotaque de alguns chineses ao falar português. Na postagem, o titular da Educação insinuava que a China vai sair “fortalecida” da crise causada pelo coronavírus.

Em outro depoimento à PF em 29 de maio, referente ao inquérito que apura notícias falsas e ameaças a ministros da Suprema Corte, Weintraub ficou calado. Em reunião ministerial do dia 22 de abril, o ministro da Educação defendeu a prisão de ministros do STF. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, afirmou, na ocasião.