São Paulo, 17 – A aquisição da Vale Cubatão Fertilizantes marca a entrada da Yara Brasil no produção local de nitrogenados, destacou nesta sexta-feira, 17, o presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, durante teleconferência. “É o primeiro investimento da Yara nestes produtos no País”, afirmou. “A Yara tem presença global muito forte em produtos industriais produzidos à base de nitrogênio, como amônia, ácido nítrico e nitrato de amônia para a área de mineração, uma área na qual não estávamos presentes no Brasil”, disse Hanzen.

Para o setor agrícola, a Yara Brasil poderá começar a oferecer nitrato de amônia produzido localmente, especialmente para o setor sucroalcooleiro. “Estamos em um dos maiores mercados consumidores (de fertilizantes nitrogenados), pela produção de cana-de-açúcar. Então essa produção traz oportunidades para a empresa suprir sua rede de distribuição e a rede atual (de outras empresas) que já se abastece do produto de Cubatão”, afirmou Hanzen.

O executivo comentou que a aquisição não encerra as compras de ativos de produção de fertilizantes por parte da empresa. “Continuamos interessados em oportunidades no Brasil e no mundo, apesar de neste momento estarmos com as mãos bastante cheias, dados os investimentos no Brasil em anos recentes”, declarou.

Questionado sobre quais ativos poderiam interessar à empresa, Hanzen afirmou que os investimentos na produção de fertilizantes fosfatados já estão sendo feitos por meio da Galvani, adquirida em 2014 e novos projetos desenvolvidos após a compra da empresa. Já unidades produtoras de produtos e adubos nitrogenados continuam interessando à companhia. “A Yara está sempre olhando (para ativos de nitrogenados) no mundo. Hoje o mercado tem boas oportunidades. Olhamos oportunidades localmente também, mas considerando que estamos com um portfólio bastante grande no Brasil”, disse o executivo.

Hanzen comentou, ainda, que ativos de fertilizantes da Petrobras que fazem parte do plano de desinvestimentos da estatal “podem interessar a qualquer empresa que queira investir em nitrogênio no Brasil”. “Mas o fato de olharmos para estes ativos não significa que possam nos interessar. Hoje existe um contexto global que precisa ser levado em conta, que é todo o aporte de investimentos da Yara feito no Brasil”.

Hanzen disse também acreditar que a compra da Vale Cubatão Fertilizantes não deve enfrentar resistência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em virtude de o Brasil produzir somente 25% dos fertilizantes consumidos no País, não influenciando a formação local dos preços de adubos. “Em função de o Brasil ser tomador de preços e não formador, por sua baixa produção, essa aquisição não afeta a dinâmica de preços no País, que depende totalmente do mercado internacional”, disse. A compra, segundo Hanzen, também não amplia a participação da Yara Brasil no segmento brasileiro de distribuição de fertilizantes brasileiro, do qual ela deve continuar detendo em torno de 25%.