Na região de Jaíba, tradicional município produtor de frutas do norte de Minas Gerais, um grupo de 14 agricultores está entusiasmado com uma oportunidade inédita no País: a primeira exportação de banana-prata, uma variedade genuinamente brasileira, que em breve chegará à Europa. A novidade é resultado de um projeto que envolve o Instituto Antonio Ernesto de Salvo (Inaes) – entidade de planejamento e desenvolvimento para o agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado –, o Sebrae, a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas e a certificadora alemã TÜV Rheinland.

Desde 2008, o Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais (APL) de Minas Gerais investiu cerca de R$ 3,5 milhões para certificar a banana-prata, o limão e a manga da região. Com isso, os produtores foram habilitados no Globalgap, uma certificação exigida para a exportação. Em 2011, o Brasil exportou 681 mil toneladas de frutas por US$ 663 milhões.

O produtor Diego Castellotti, da Tropicália Frutas Tropicais, é um dos que querem vender banana para os europeus. Castellotti cultiva 40 hectares em Jaíba e, no ano passado, produziu 1,2 mil toneladas da fruta. “Temos interesse em exportar e o projeto está abrindo essa porta”, diz. Desde junho do ano passado, o agricultor investiu cerca de R$ 90 mil para adequar a estrutura física da fazenda. Foram construídos banheiros e refeitório, reformado o galpão de embalagens e implantadas medidas para garantir a higiene em todas as etapas de produção e a correta aplicação de defensivos agrícolas. Em janeiro, uma auditoria da Globalgap aprovou as mudanças realizadas. “Certificada, a nossa banana tem um grande diferencial”, diz Castellotti. “Vamos vender um produto com atestado de qualidade e garantia de origem.”

Para iniciar os negócios com os países europeus, os produtores aguardam o envio do primeiro contêiner da fruta para o Velho Continente. Segundo o superintendente do Inaes, Pierre Vilela, até julho deste ano, cerca de 20 toneladas de bananas-prata doadas pelos agricultores serão desembarcadas em Lisboa para ações de marketing. Em Portugal, a fruta será apresentada a importadoras e distribuidoras. “Com essa carga vamos avaliar o transporte e a conservação do produto”, diz Vilela. “Esperamos que a banana-prata seja vista como um fruto exótico.” Esse tipo de percepção aguça o interesse dos europeus. A previsão é de que até o fim deste ano os produtores comecem a fechar contratos de exportação por conta própria. A produção de banana na região do Jaíba chegou a cerca de 350 mil toneladas no ano passado, metade do cultivado em Minas. Desse total, 290 mil toneladas foram da variedade prata. “A banana é o carro-chefe da região e vamos ganhar mais mercado no Exterior com essa fruta”, diz Vilela.

O gerente-comercial da área de alimentos e bebidas da TÜV Rheinland, Lucas Martins, também acredita no potencial do projeto. “A Europa é um mercado que oferece melhor remuneração, ao mesmo tempo em que exige uma profissionalização do produtor”, diz Martins. “Isso leva ao desenvolvimento sustentável e abre possibilidade a outros produtos.” A TÜV Rheinland, que certifica uma média de 90 fazendas por ano, está de olho em regiões de pequenos e médios produtores para dar visibilidade ao Globalgap. “Há um ano, estamos focando nesse público mais carente de tecnologia”, diz Martins. “São eles que mais precisam dos nossos serviços”, diz.